quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Tu, Sirius.

-Sabes escrever? Sabes expressar-te com todas as palavras tudo o que te vai na alma usando apenas uma fina camada de tinta numa simples folha de papel?
-Sei.
-E sabes criar aquelas imagens mágicas com metáforas impressionantes?
-Não
-Não? Mas não és escritor?
-Não, apenas coloco a alma na folha, escrevo sem metáforas, escrevo a realidade, faço fotografias com palavras.
-Vês, estás a usar uma metáfora.
-Pois, mas não estou a escrever.
-E então o que te apetece escrever agora?
-Apetece-me escrever que és linda.
-Só isso?
-Eu disse que escrevo a realidade.
-Mas podias escrever algo mais rebuscado.
-Eu disse-te que só escrevia a realidade, não me interessa comparar-te à sirius se na verdade és muito mais brilhante que qualquer estrela que habite o céu.
-É assim que costumas fazer para escrever?
-O quê?
-Procuras alguém ao acaso e escreves sobre ela?
-Não, procuro-te a ti, como não estás vou escrever para sentir o teu calor.
Ela corou, ficou linda, e ele talvez nunca mais escrevesse na vida.